quinta-feira, 23 de julho de 2009

Entrevistas com a população

Antes de começarmos mais um dia, discutimos muito pela manhã para definirmos o que é que faltava para entendermos melhor a realidade da bancarização e do microcrédito na cidade. Acreditamos que estávamos focando muito em alguns agentes e até o momento não havíamos conversado muito com a população em geral. Então fomos a lugares mais distantes do centro da cidade para ver como eram feitas as transações bancárias e verificar se eram muito utilizados os serviços oferecidos pelos bancos.

Entrevistamos 14 moradores de bairros um pouco mais afastados. Mas também não eram muito distantes do centro, pois a cidade é pequena. Seguem alguns dados obtidos:

Dos entrevistados, 8 não possuiam conta em banco. Desses nenhum utilizava cartão de crédito. Apenas uma tinha algum tipo de seguro, no caso dela era um seguro-funerário que cobria a família inteira em caso de morte com o caixão e o velório e custava R$ 25 por mês. O dinheiro deles fica guardado em casa ou no bolso, muitos alegaram ter muito pouco para poupar e alguns afirmaram que não poupam porque não têm o que poupar. Já um comerciante afirmou que não coloca o dinheiro no banco porque o juros da poupança é baixíssimo, o dinheiro que ele ganha é investido em terrenos e imóveis.

Dentre os 6 entrevistados que informaram possuir algum tipo de conta em banco, metade deles usa cartão e a outra metade não. Nenhum deles possui algum tipo de seguro, uma mulher afirmou que não faz seguro porque não confia em bancos. Dois dos entrevistados que possuem conta em banco reclamaram bastante das taxas cobradas. Segue algumas afirmações: "O banco é igual à TIM, não pára dinheiro na conta.", "No banco o dinheiro some da conta em dois dias", "É uma roubalheira", "Em dois dias o banco comeu R$57,00 do meu dinheiro devido a taxas de cheque especial e cartão, mas eu não uso nem um dos dois" "Uso o banco igual pronto-socorro, só porque não tem outra alternativa.".

Percebemos que existe grande receio da população em relação ao banco, provavelmente por não terem informações suficientes sobre seus direitos e deveres em relação a este. As pessoas não entendem o modo como sua conta é taxada, os juros sobre empréstimos cobrados e afirmam ser lesadas na relação com o banco.

Além desse dia de entrevista, durante outros dias de conversas cotidianas com as pessoas da cidade também percebemos essa postura negativa em relação ao banco. Ouvimos três vezes a afirmação de que o mais forte prevalece. Em alguns casos ainda percebemos que o fato de o banco ser privado é fonte de desconfiança, pois algumas pessoas se mostraram favoráveis à instalação de outras entidades financeiras, no caso Banco do Brasil e Caixa Econômica.

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