- os brancos não dão apoio suficiente para os índios da aldeia dele
- pra fazer empréstimo tem que ter propriedade, e o índio vive nas terras da União
- terras são boas mas precisam de apoio para plantarem banana, madioca, maxixe...
- aldeia constituída de 107 índios
- acredita que Governos Federal e Estadual repassam o dinheiro destinado aos indígenas e esse dinheiro é barrado no Governo Municipal
- adquirira eletrodomésticos através do crediário de uma loja, quem não paga as parcelas têm o equipamento resgatado em casa pelo pessoal da loja
ENTREVISTAS NA COMUNIDADE NOVO CÉU
Léo Ribeiro dos Santos, 28 anos.
Proprietário da Casa de Pesca Comercial Sofia
- .
- vende material de pesca e ração, é o único na comunidade que vende esses produtos
- o pai dele tem um outro comércio na cidade e a população perguntava para Léo o porquê que ainda não tinha uma loja de pesca em Novo Céu, já que a demanda é grande
- Léo é amigo do dono da loja de pesca de Autazes, então com ele obteve os contatos dos fornecedores e abriu o estabelecimento
- sua esposa trabalha na prefeitura como secretária de sua cunhada. Então usou o contracheque da cunhada (que oferecia um limite de empréstimo superior ao da esposa) para contrair um empréstimo consignado para funcionários públicos na CEF de Manaus.
- Pegou R$ 10 mil emprestado e no total pagou R$ 15 mil em 36 parcelas
- optou pela Caixa Econômica Federal porque no outro banco o empréstimo para capital de giro acarreta em juros altos
- em Novo Céu moram 6 mil pessoas e não há nem banco nem correspondente bancário
- então há uma pessoa que aproveita a oportunidade e faz depósitos e pagamentos, transportando o dinheiro ou o boleto até Autazes, cobra 5% do valor transacionado
o banco devia dar "uma chance a mais" aos empreendedores, pois os juros são altos e o processo é burocrático - os aposentados estão todos com a "corda no pescoço" de tantos empréstimos
- é importante uma capacitação dos tomadores de microcrédito, pois tem muito empreendedor que não sabe muito bem administrar o dinheiro que recebe
a população se confunde com os prazos e as taxas de juros praticadas, e os bancos muitas vezes não são muito transparentes
Adamor Figueiredo
Mercadinho e Hotel Ac. Figueiredo
- abriu o negócio há 8 anos
- tem conta no banco da cidade e fez um empréstimo para investir na loja de R$ 5 mil há alguns anos, com juros de 4,5% e 3 meses de carência. Conseguiu quitar a dívida
- quando tinha um Correspondente Bancário na comunidade, o dinheiro circulava muito mais. Hoje, como não tem mais, muitas pessoas vão gastar seu dinheiro na área urbana de Autazes
Élson Arcos França e Jorge Arcos França,
RJT Comercial
- ambos dividem ao meio uma residência e montaram dois estabelecimentos
- Élson trabalha com a distribuidora Martins e nunca precisou pegar empréstimo
- Jorge pretende fazer um empréstimo no banco e usar como garantia um terreno que possui
- o Correspondente Bancário da comunidade ficava no mesmo lugar onde Jorge está instalado hoje, mas antes era outro dono. Jorge não conseguiu ser correspondente porque ainda não tem firma registrada
- o antigo proprietário do estabelecimento que era correspondente tinha que contratar um segurança no dia de pagamentos de benefícios e aposentadoria, o movimento era grande e ele oferecia até um café da manhã pro pessoal
- hoje com a falta de correspondente a população tem que pagar cerca de R$ 30,00 e acaba levando uma manhã inteira para ir à Autazes receber os benefícios e aposentadoria
- a escola da cidade tem que parar por 2 dias no mês para que os professores consigam ir a Autazes receberem seus salários
ENTREVISTA NA COMUNIDADE MURITINGA
Arão de Souza Martins
Índio da etnia Mura
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- Na comunidade ribeirinha vivem 1340 índios
- Fica a 25 minutos de barco do centro de Autazes
- Arão é um pequeno comerciante da comunidade
- Compra os produtos em Novo Céu, uma comunidade próxima e maior que Muritinga
- Tem vontade de contrair empréstimo mas não tem paciência de ficar em filas
- A farinha que é vendida a R$60 em Manaus chega para ele por R$120
- Se conseguisse registrar a firma, compraria direto do fabricante e não de um atravessador
- Não confia nos projetos e propostas do povo branco, “só conversa fiada”
- O pessoal da comunidade tem que ir a Autazes receber o Bolsa Família e já gasta por lá
- Não tem conta em banco porque não sobra nada pra poupar
- Os eletrodomésticos da comunidade foram comprados com o dinheiro de aposentadorias
ENTREVISTAS NA AGÊNCIA DO BANCO
Udson Ferreira da SilvaFuncionário do frigorífico
- Não possui conta em banco. Já tentou abrir na agência do banco, porém não conseguiu devido ao grande número de documentos exigidos, como certidão de nascimento e casamento. Há muita burocracia
- Gostaria de plantar, mas alega que o acesso ao crédito é muito difícil
- “Pra muitos a coisa melhorou, mas para muitos continua a mesma coisa”
ENTREVISTAS NA FEIRA DOS PRODUTORES
Edneuza Ventis, 42 anos
Feirante
- Vende bolos e salgados
- É funcionária pública municipal, além de trabalhar na feira
- Os empréstimos no banco são caros, no BMG é mais em conta
- Já realizou três empréstimos, o último foi um empréstimo consignado para funcionários públicos. Com o dinheiro obtido junto ao BMG comprou um motor para o marido trabalhar com transporte de pessoas no rio Autaz
- Muita gente realiza o empréstimo e não sabe administrar seu dinheiro, então acabam endividadas
Gildete Lima, 34 anos
Feirante
- Vende remédios e ervas medicinais
- Tem conta corrente no banco e compra as mercadorias em Manaus
- Fez um financiamento pela AFEAM, mas achou os juros altos. Não conseguiu pagar o empréstimos e está inadimplente.
- Acredita que poderia ter pago o empréstimo se tivesse aulas de capacitação
- Quer realizar um empréstimo para sair da feira e abrir uma loja maior, mas como está inadimplente, não tem como obter empréstimos
Márcia
Feirante
- Tem uma lanchonete na feira
- É correntista do banco e utiliza a poupança também
- Nunca fez empréstimos. Vem tentando, mas o banco ainda não liberou
- Afirma que o limite de crédito para autônomos é baixíssimo
- Está se informando sobre os empréstimos pela AFEAM
Clarissa, 34 anos
Feirante
- Tem uma lanchonete na feira
- Abriu há alguns dias uma conta corrente no banco
- É funcionária pública municipal
- Disse que se o dinheiro ficar no banco, o banco “come” tudo. São muitas as taxas, por isso não utiliza poupança e só é correntista porque precisa receber o salário da prefeitura.
- Tem medo de dívidas, porque muitos dos conhecidos que pegaram empréstimos, não conseguiram quitar a dívida
- Comprou os equipamentos da lanchonete através do crediário de uma loja de varejo.
- Acredita que a taxa de juros na AFEAM é alta e o processo para obter o empréstimo é burocrático
Ana Cristina
Feirante
- A família possui três boxes na feira
- Os três boxes são açougues
- Compraram equipamentos, como moedores de bifes, com a ajuda da AFEAM, que não cobra juros e ainda dão dois meses de carência
- Segundo Ana, todos os açougueiros da feira sofrem com a falta de capital de giro. Eles compram um boi e vendem todas as peças para pagarem o boi que fora comprado anteriormente. “Pega um boi e paga o outro”
- O financiamento da AFEAM ajudou muito no crescimento do negócio da família, mas o limite de crédito obtido lá é R$10 mil, e já estão precisando de quantias maiores
- Abriram recentemente um mercado, fora da feira, e registraram a firma com a finalidade de conseguirem empréstimos maiores
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