segunda-feira, 27 de julho de 2009

Último dia em campo

Um dos motivos pelo qual Autazes foi escolhida pelos professores da FGV para a realização do projeto foi que aqui se instalou o primeiro Banco Postal do país. E muito de nossa pesquisa se baseia nas condições da cidade antes de depois do Banco Postal. Durante todo o período em que estivemos em Autazes, tentamos realizar o contato com o Banco, mas não foi possível. Entrevistamos então nove usuários do Postal para entendermos melhor como eram os serviços e quais os benefícios que a implementação do sistema trouxe para a população.

Os usuários do Banco Postal realizam saques, depósitos e pagamentos através dos funcionários dos Correios. A concessão de crédito não ocorre mais no Postal, todos os requerimentos são enviados à agência de um banco na cidade. Antes da abertura dessa agência, um funcionário de Manaus vinha até Autazes uma vez a cada dois meses para recolher os requerimentos de crédito da população. A chegada desse funcionário era anunciada no rádio e outros meios de comunicação. Os correntistas do Banco Postal podem realizar suas transações tanto nos Correios, que é onde se localiza o Banco Postal, como na agência do banco da cidade. Antes do Postal, os usuários guardavam seu dinheiro em casa, e hoje conseguem aplicá-lo na poupança. Um vendedor nos disse que antes do Postal tinha que ir uma vez a cada dois dias a Manaus para pagar fornecedores e receber o dinheiro, e quando isso não era possível tinha que pagar alguém de confiança para que fosse até Manaus realizar essas transações. O Postal e o banco da cidade se complementam, visto que antes da instalação da agência de um banco na cidade o Postal era extremamente sobrecarregado.

Os correntistas do Postal também fizeram algumas críticas em relação ao banco. Muitos reclamaram do tempo de espera na fila. Durante o período em que estávamos entrevistando as nove pessoas, duas sairam do banco porque desistiram de esperar pelo atendimento. Calculamos também o tempo de espera de uma mulher, que foi de 20 min, e como era um dia de pouco movimento, percebe-se que em dias de pagamento a situação deve ser caótica, como citado pela maioria dos entrevistados. Também ressaltaram que o sistema muitas vezes está fora do ar, o que impossibilita qualquer tipo de transação.

Fomos também à prefeitura atrás de mais dados sobre a cidade, principalmente a arrecadação municipal nos últimos dez anos, o número de servidores públicos e o número de estabelecimentos comerciais. Encontramos já alguns dados no site do IBGE, que na maioria são de 2005 a 2007.

Muito tempo foi gasto na tentativa de contato com secretários e pessoas da prefeitura, mas achamos importantes esses dados para complementar nosso trabalho .

Despedimo-nos de todos, principalmente do garçon do restaurante Bom Prato, flamenguista roxo, que fora nosso companheiro em quase todas refeições nesses dias. Ele inclusive nos deu um presente de recordação, uma caneca do flamengo que haviam trazido pra ele do Rio de Janeiro.

Fomos embora de Autazes com uma impressão muito positiva das pessoas da cidade, que foram bastante receptivas, e conhecendo um modo de vida e de relações interpessoais diferente, baseados num ritmo de vida e obrigações também diferentes das que conhecemos. Esse contato foi muito rico e nos fez ter uma idéia da dimensão e da riqueza do nosso país.

Um comentário:

  1. Somente a título de informação, as populações ribeirinhas da Amazônia vivem em um tempo(ritmo) completamente diferente do ritmo das grandes cidades, ( São Paulo, Manaus etc..)chamado de tempo cronológico, eles não são "escravos da rotina", são donos de seus próprios empregos, ja nós pobres escravos do capitalismo vivemos em um tempo analógico. Há e só pra confirmar os dados de vocês passem no site do IBGE, Manaus não tem 3 milhões de habitantes como foi escrito por vocês, agora que chegou mais o menos a 2 milhões e alguma coisa ( cuidado com os dados de vocês, rsrs). Outra coisa o título "primeiro contado", soa de forma descriminativa paras as pessoas que os receberam tão bem, é melhor proucurar outro.
    Só um conselho não acreditem em tudo que falam sobre Amazônia, aqui não existem só índios e sim pessoas, simplis na sua maioria, mais que merecem todo o seu respeito.

    Camila Oliveira
    Discente da UFAM

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